domingo, 24 de julho de 2016

Rotina

Acordou, olhou-se no espelho e gritou. Quis que ouvissem seu pedido de socorro, mas de nada adiantou. Seu grito foi interno.
Secou as lágrimas, tomou banho, cobriu as olheiras com maquiagem e seguiu sua rotina.
Fingiu sorrisos, olhares, forçou achar graça de piadas tão ridículas quanto seu estado mental.
Deu conselhos, serviu como ombro amigo, mas não entendia como era capaz de aconselhar alguém e continuar vivendo desse modo. Modo automático. Quase que um robô.
Perdeu as contas de quantas xícaras de café tomou. Precisava se manter acordada de alguma maneira.
Voltou para a casa do mesmo modo como saiu: triste, sozinha e com medo.
Foi para o chuveiro. Chorou, chorou e chorou.
Ela não se reconhece mais, não só pelos olhos inchados de tanto chorar e dormir mal, mas pelo fato de ser uma outra pessoa, algo totalmente diferente do que era e do que queria ser.
Deitou em sua cama e deixou que sua mente a castigasse mais um pouco.
Dormiu algumas horas apenas.
E então acordou, olhou-se no espelho e o resto vocês já sabem.

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