Ele a
conhecia mais do que todos. Foi o único que percebeu que quando ela se olhava
no espelho, não era para ver se estava arrumada, apresentável, mas sim para
perguntar a si mesma: “Quem sou eu? O que eu me tornei?”. Percebeu também que
quando ela olhava pela janela, não era pra ver quem estava passando na rua, ou
se tinha alguém chegando. Ela ia até a janela com dúvidas de que poderia ter
algum lugar para ela mundo a fora, pois nunca soube se encaixar em lugar algum.
E quando olhava para o céu, não estava esperando uma intervenção divina em sua
vida, estava apenas olhando para a estrela que batizou com o nome da sua mãe,
Ana Luiza, que faleceu quando Gabriela tinha apenas 4 anos.
Se ele a
conhecia tanto, então por que a deixou por alguém que “conheceu” em duas semanas?
Talvez fosse isso, talvez ele tenha sido seduzido pelo novo, assim como os
pescadores são atraídos pelo canto da sereia.
E talvez
fosse isso que ela tivesse que fazer: Dar uma chance ao novo. Dar uma chance de
tentar conhecer Thadeu. Ou ela se fechava eternamente, ou daria uma chance para
a vida surpreendê-la.
Então, Gabriela
deixou de lado seus pensamentos e cigarros, levantou da cama e olhou para o relógio. Quase
19h. Olhou pela janela e sentiu que dessa vez tinha um lugar pra ela no mundo,
era só ir de encontro novo.
- Pensei que
fosse furar comigo. Disse Gabriela ao chegar onde tinha marcado com Thadeu.